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terça-feira, 8 de setembro de 2015

Agricultores temem fortes ventos

Limoeiro do Norte. Pequenos produtores que cultivam banana no Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi, neste município, estão temerosos com a chegada da época dos ventos fortes, que têm início ao final do segundo semestre. Isso porque o fenômeno tem causado a derrubada de centenas de hectares de bananais do tipo pacovan. A alternativa seria mudar a produção, mas a falta de recursos e a dificuldade de acesso ao crédito são impedimentos para estes irrigantes.

O produtor Raimundo Nonato de Freitas, 44 anos, irriga banana na chapada há oito anos e, no dia 18 fevereiro deste ano, por volta das 16h30, amargou a perda total de sua produção de banana pacovan em seus 12 hectares cultivados. Os ventos atingiram a área a uma velocidade de 65km/h. Esse fenômeno ocasionou uma das maiores perdas de banana pacovan na região do Distrito Irrigado Jaguaribe Apodi (DIJA) nos últimos anos, afetando uma área de 500 hectares e prejudicando 161 produtores, em sua maioria pequenos e médios. Os prejuízos ficaram em torno dos 22 milhões.
Ainda de acordo com o produtor, os fenômenos são frequentes, sendo registrados todos os anos. Alguns mais intensos, outros menos. Porém esse ano a situação financeira e a alta no preço da água em conjunto com a energia (que são bombeadas do leito do rio Jaguaribe para o perímetro) estão impossibilitando a mudança no tipo de cultura,
"Quando eu perdi os lotes eu fui obrigado a recuperar todos, porque não tive condições de mudar pra a banana prata. Aqui todo mundo sabe que é necessário isso, porque é uma banana mais resistente aos ventos. Mas, com os preços que pago por mês e os prejuízos que tive, fica difícil", lamentou o produtor. Os lotes que ele e dois funcionários cuidam são alugados. O aluguel da terra custa R$ 3 mil mensais.
Porte alto
Para o consultor em bananicultura, Ítalo Arrais, o risco com a banana pacovan sempre vai existir devido ao seu porte alto, principalmente na região do Baixo Jaguaribe que recebe constantemente ventos fortes, geralmente no segundo semestre. Ainda segundo ele, a adoção plantas de porte médio ou baixo já vem acontecendo em Baraúnas e em Limoeiro do Norte. "Como alternativa, temos os tipos Prata Catarina e Prata Anã, bem aceita pelos consumidores", afirmou.
Outro produtor da área, Colodoaldo Elias de Sousa, 64 anos, atento aos períodos da catástrofe, começou a plantar fios de banana prata catarina em um hectare e meio, de um total de oito hectares. A iniciativa começou aos poucos, com recursos próprios, diante das frequentes derrubadas em seus bananais. O tipo vem sendo apontado por técnicos agrícolas que atuam na região como o mais adequado para a Chapada, por possuir tronco mais grosso e ser mais baixo, resistindo aos fortes ventos.
"Em janeiro eu perdi todos os meus lotes de pacovan que eu tinha, mas a prata ficou. Então fui pegando os fios e plantando em outra área, mas também recuperei a que tinha derrubado. Gastei muito pra recuperar os lotes todos de novo, se vier outra derrubada dessa, não sei se vai dar pra continuar, é muito caro".
De acordo com o Presidente da Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (Fapija), Raimundo Cesar dos Santos, os pequenos produtores são os que mais têm sofrido com as perdas, devido aos investimentos que precisam ser feitos, e muitos estão em terras com dívidas junto aos bancos. "Infelizmente, está havendo essa dificuldade do produtor ter acesso ao crédito para financiar a mudança desse tipo de banana que é necessário", informou.
Para ele, a Lei nº 12.844, conhecida como Lei Eunício Oliveira, ainda não beneficiou todos os pequenos produtores, sendo necessária uma compreensão maior dos bancos com os devedores para renegociar as dívidas.
Financiamento
A assessoria do BNB informou que, segundo a Lei 12.844, os produtores que contrataram financiamento até 30.12.2006, no valor de até R$ 100.000,00, poderão liquidar suas dívidas com até 85% de descontos, se estiverem no Semiárido.
Explica que, se o cliente contratou financiamento até 30.12.2006, no valor de até R$ 200.000,00, o Banco pode emprestar o valor recalculado do financiamento para liquidação da operação anterior, com prazos de até 10 anos para pagar com até 3 anos de carência. "Se os produtores se enquadram ou não na lei, é uma questão de verificar caso a caso".
Enquete
Qual a dificuldade para plantar?
"Falta mais apoio. Os curtos para se irrigar estão muito altos e o nosso produto tem ficado barato. Se houve mais perdas como a registrada no começo deste ano, não sei como vai ficar a nossa situação"
Raimundo Nonato de Freitas
Produtor
"Há uma necessidade muito grande de se mudar o tipo da banana que estamos plantando, da pacovan para a prata catarina, mas os pequenos irrigantes não têm conseguido recursos para processar essa mudança"
Raimundo César dos Santos
Presidente da Fapija
"Perdi toda área que havia plantado de banana pacovan e usei umas economias pra recuperar a produção. Tentei aumentar um lote que tinha de banana prata para tentar ir segurando até a coisa melhorar"
Clodoaldo Elias de Sousa
Produtor
Mais informações:
Federação das Associações do Perímetro Irrigado Jaguaribe Apodi (FAPIJA)
Rodovia LN 01, km 12, Limoeiro do Norte
(88) 3423 2991


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