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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Volume é o maior dos últimos 4 anos

Leves alterações nos sistemas meteorológicos que influenciam no clima nordestino fizeram com que o volume de chuvas observado nos primeiros sete meses de 2015 no Ceará fosse o mais alto nos últimos quatro anos. De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), as precipitações de janeiro a julho tiveram aumento de quase 38% em relação a 2012. A notícia, no entanto, é positiva apenas em parte. Embora tenham sido mais intensas, as chuvas deste ano não só ficaram bem abaixo da média histórica, como também falharam em garantir aportes hídricos significativos aos reservatórios do Estado.
Segundo Leandro Valente, meteorologista da Funceme, a qualidade da quadra chuvosa no Ceará depende, em especial, da zona de convergência intertropical, sistema causador do aquecimento das águas do Oceano Atlântico que, neste ano, atuou de forma irregular no Estado.
"Por conta disso, tivemos um volume maior de chuvas, mas elas ficaram muito concentradas nas regiões Norte e litorânea do Estado", explica. Por consequência, conforme o especialista, os principais açudes cearenses, situados em grande maioria no Interior, não obtiveram grandes recargas de água.
"No ano de 2012, o primeiro de chuvas abaixo da média desses quatro anos seguidos de seca, o volume de precipitações foi menor, de 382,6mm. Porém, o aporte foi de 920 milhões de m³. Já neste ano, que tivemos 527 mm, o que entrou de água nos açudes foi apenas 540 milhões de m³", afirma Valente, com base em informações da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh). Os dois maiores açudes do Estado, Orós e Castanhão, por exemplo, tiveram aporte baixo, acrescenta o meteorologista.
Insuficiente
As chuvas registradas entre janeiro e julho de 2015 também não foram suficientes para alcançar a média histórica do período, estimada em 759,1 mm. No geral, ficaram 30,5% abaixo do parâmetro, segundo a Funceme. O último ano com precipitações acima da média foi 2011, quando foram contabilizados 953,3 mm de água.
O quadro que se configura desde 2012 tem dificultado a garantia de segurança hídrica e o abastecimento das populações do Interior. Um total de 119 dos 153 açudes monitorados pela Cogerh se encontra com menos de 30% de sua capacidade. Vinte e seis deles possuem, atualmente, volume inferior a 1%. No outro extremo, somente um açude (Tijuquinha, no município de Baturité) está sangrando. Outros dois reservatórios (Gameleira e Quandú, ambos em Itapipoca) possuem mais de 90% da sua capacidade.
A situação crítica pode, ainda, persistir indefinidamente, detalha Leandro Valente. Ao longo deste segundo semestre de 2015, o meteorologista afirma que o Estado não deve registrar precipitações.
Sistema
"Neste período, não temos nenhum sistema que costuma trazer chuvas. Agora, no mês de agosto, ainda podem ocorrer chuvas pontuais devido à atuação das zonas de leste, isso se elas ficarem bastante intensas. Mas nada muito significativo", destaca o meteorologista Leandro Valente.
Para 2016, a Funceme calcula que há 90% de possibilidade de ocorrência do fenômeno El Niño no início do ano, o qual promete impactar de forma negativa as chuvas do Estado. Apesar do prognóstico pessimista, Valente ressalta que as zonas de convergência são mais determinantes e só devem esboçar algum movimento no próximo mês de janeiro. "Quando chegar a quadra chuvosa, se as condições do Oceano Atlântico estiverem favoráveis, mesmo que haja El Niño, teremos chuva. Mas esses dois quadros só irão se confirmar mais adiante. Por isso, a Funceme sempre lança o prognóstico no mês de janeiro", observa.
Vanessa Madeira
Repórter

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