Brasília. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), disse que o governo fez um anúncio "atabalhoado" do corte
de ministérios, para criar um fato político que encobrisse "notícias não
boas" da economia."Foi
um anúncio atabalhoado porque não tinha uma decisão tomada e queriam criar um
fato político. Acho positivo querer criar um fato desta natureza, mas,
obviamente, eles não estavam prontos para anunciar nada", afirmou o
peemedebista.
Pela
manhã, o governo anunciou que, até setembro, cortaria dez pastas, mas não
informou quais serão, gerando instabilidade na base aliada. Cunha disse que o
anúncio do Planalto pode "estimular" o andamento da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) apresentada por ele para limitar a 20 o número de
ministérios. "Ainda estão me devendo nove. É dobrar a meta", disse,
parodiando a presidente Dilma.
O
presidente da Câmara defendeu que o PMDB entregue todos os seis ministérios que
comanda. "Todos (os partidos) deveriam entregar (ministérios), todos
deveriam reduzir. O PMDB deveria ser o primeiro a entregar todos, não só a
redução proporcional, deveria sair da base do governo", afirmou.
'Corte simbólico'
O líder
do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), disse que o anúncio da
redução de ministérios é uma mensagem para a sociedade de que, dados os sinais
ruins da economia, o governo está disposto a cortar a máquina. "É um gesto
mais simbólico que financeiro", opinou.
O
petista evitou comentar sobre a disposição do partido de ceder espaço na
Esplanada do Ministérios. No entanto, defendeu que, se houver o corte, que seja
proporcional e "para todos". Ele reconheceu que haverá uma pressão
maior para que o PT abra espaço para os partidos aliados. "É uma conta
que, para fechar, vai precisar de muita conversa", comentou.
Partidos
de oposição reagiram ao anúncio de redução de 10 ministérios com desconfiança.
"Espero que seja para valer e não mais uma cortina de fumaça para iludir a
sociedade e amenizar os efeitos da crise que atinge a presidente Dilma",
afirmou, em nota, o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR). Ele lembrou que
a medida já é cobrada há algum tempo pelos partidos de oposição, mas que é
preciso fazer um corte real dos gastos, incluindo cargos, custos de diárias,
aluguel de sedes e cartões corporativos.
"Isso
é mais um gesto de marquetagem política do governo do que propriamente uma ação
concreta em busca de uma reforma administrativa verdadeira", concluiu o
líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE). O parlamentar disse que a redução
de 10 pastas "é pouco", e que o corte deveria abranger pelo menos 15
ministérios.
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