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segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Lanterna que dá choque é comercializada sem controle

Para garantir a segurança pessoal, aumenta a busca por lanternas que dão choque. O equipamento, similar ao taser utilizado pela Polícia Militar, deveria ser de uso exclusivo da corporação. No entanto, vem sendo utilizado de forma aleatória pela população. Mesmo sabendo dos riscos, é grande a busca pelo produto. No Centro de Fortaleza, apesar de não ser comercializado livremente, o equipamento pode ser encontrado em camelôs e lojas de shoppings populares."


A gente só vende por encomenda, por causa do preço. É muito caro para oferecer aqui. Tem que passar um dia antes solicitando", responde um vendedor ambulante da Rua Floriano Peixoto. Já na internet, em sites como Mercado Livre e em páginas de compra e venda do Facebook, o equipamento facilmente pode ser encontrado. Os preços variam de acordo com o tamanho e a potência, que vão de R$ 50 a R$ 100.

No Mercado Livre, por exemplo, são inúmeras as propagandas de lanternas de choque "police" recarregável. O modelo Juliano Bastos (nome fictício), 25, que busca proteção pessoal, conta que adquiriu o produto na web por R$ 60. "Não é tão forte, tem outros que dão para dar um 'susto' maior", comenta.
Defesa
Já o autônomo Rodrigo Alves, 29, comprou o produto pela internet para autodefesa, mas ressalta que ainda não teve a "sorte" de usar. "É fácil comprar. A pessoa solicita e o cidadão vai deixar na sua casa. Ainda não testei a potência da minha, mas sei que é bem forte", afirma. Ele admite que tem medo de levar a lanterna no carro, ser parado em uma blitz e os policiais encontrarem. Mesmo ciente de que é um equipamento perigoso, frisa que, em caso de assalto, na hora do desespero, "usaria sem pena".
O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar (BPChoque), major Alexandre Ávila, explica que, embora tenha uma tensão parecida com o taser utilizado pelos militares, a lanterna que dá choque age de forma diferente no corpo, com uma transferência de carga elétrica localizada, enquanto o taser transfere carga elétrica para o corpo inteiro. Ele acrescenta que o material é utilizado pela Polícia como alternativa ao uso de arma de força letal. São os chamados instrumentos de menor potencial ofensivo, usados em situações nas quais o indivíduo porta arma branca, por exemplo. Nestes casos, acarreta em uma incapacitação momentânea, uma vez que transfere carga para o corpo todo.
"O taser causando uma contração na musculatura, incapacita a pessoa", esclarece. O major adverte, no entanto, que se utilizado de forma indevida, diretamente no peito ou no coração, podem causar uma parada cardíaca. "Há essa possibilidade. O taser é só um tiro, porque é uma carga que atinge o corpo todo. Várias cargas podem provocar a morte", alerta. Outro problema é a possibilidade de ser usado por assaltantes. Conforme o comandante do BPChoque, a fiscalização desse material cabe à Polícia Militar e ao Exército, que é quem regula a aquisição desse tipo de armamento não-letal.
Responsabilidade
Em nota, a Polícia Federal afirma, através da assessoria de imprensa, que não é responsabilidade do órgão fiscalizar o material mencionado. Além disso, a instituição, informa, não possui atribuição para autorizar a aquisição de lanternas que dão choque. A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da 10ª Região Militar, do Exército, mas até o fechamento desta edição as ligações não foram atendidas.
Luana Lima

Repórter


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