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terça-feira, 11 de agosto de 2015

Estudo fará panorama da violência de gênero

Dentre as muitas dificuldades para a elaboração de políticas públicos para mulheres vítimas de agressões físicas e contra a dignidade, umas das mais desafiadoras é a quase total ausência de dados que retratem a realidade das famílias afetadas. Na tentativa de reverter a carência histórica de informações sobre o assunto, a Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com o Instituto Maria da Penha, dará início, neste ano, a uma pesquisa pioneira, que pretende construir um verdadeiro panorama da violência de gênero no País e, assim, possibilitar o desenvolvimento de estratégias de prevenção e combate.

Coordenado pelo professor José Raimundo Carvalho, do Programa de Pós-Graduação em Economia da instituição, o estudo percorrerá, ao longo de dois anos, as nove capitais da região Nordeste entrevistando 30 mil famílias em busca de elementos que expliquem como se dá a violência no âmbito doméstico. Os dados obtidos, segundo o responsável pelo levantamento, permitirão avaliar o tema sob diferentes aspectos, desde o sociológico ao criminológico.
Impactos
"Com essa pesquisa, vamos poder saber mais sobre questões que, hoje, não conseguimos discutir porque não há informações. Será que a Lei Maria da Penha teve realmente um impacto na redução da violência contra a mulher? Será que o Bolsa Família influenciou positivamente nesse problema? Será que existem abrigos suficientes para as mulheres vítimas? Essas são algumas dessas questões", observa Carvalho.
Conforme o professor, o estudo terá a participação de mulheres de distintas classes econômicas, religiões, faixas etárias e etnias, de forma a produzir um quadro mais abrangente da população feminina no Nordeste. Serão contemplados, inclusive, casais homoafetivos, mulheres separadas de seus parceiros e até mulheres que não possuem registros de violência doméstico, para efeito de comparação.
Além de criar um importante arcabouço científico e transformar a UFC em referência no assunto, o coordenador da pesquisa afirma que o trabalho tem como principal motivação o anseio por dar voz ao Instituto Maria da Penha. A entidade, fundada no ano de 2009, em Fortaleza, leva o nome de sua fundadora, cearense conhecida pela história de violência familiar e pela luta em prol da equidade de gêneros.
Segundo José Raimundo Carvalho, o estudo foi proposto por Maria da Penha como uma maneira de dar visibilidade às opiniões sobre violência de gênero defendidas pelo Instituto. "Esse levantamento vai empoderar o Instituto Maria da Penha para que eles possam sugerir políticas de gênero sérias e embasadas", explica o coordenador.
Resultados
Segundo o professor de Economia, os primeiros resultados da pesquisa devem ser divulgados em cerca de um ano. "Os dados iniciais vão mostrar qual é o nível de violência física, psicológica e financeira. É uma pesquisa longa, mas esperamos gerar, no mínimo, oito a dez indicadores, o que é totalmente inédito no Brasil e na América Latina", diz.
Vanessa Madeira
Repórter

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