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quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Estratégia de plantio reduz fome

Cedro. Sem perspectivas favoráveis para uma boa quadra chuvosa no próximo ano e depois de quatro anos seguidos de precipitações abaixo da média, produtores rurais passaram a investir em segurança alimentar para o rebanho no sertão cearense. O plantio de palma forrageira é uma das opções mais utilizadas em municípios cujo solo é favorável ao cultivo do cacto.

O Governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA), Ematerce e Instituto Agropolos vem realizando eventos e capacitações no Interior com foco na produção de palma forrageira e apoio à formação de reserva alimentar para o rebanho bovino, ovino e caprino. No sítio Marrecas, zona rural deste município, no Centro-Sul do Estado, o agropecuarista Marcos Cortez, há pouco mais de dois anos, iniciou o plantio de palma forrageira. As plantas estão distribuídas em uma área de meio hectare e tem tido bom desenvolvimento.
A escolha de cultivar palma surgiu como uma fonte alternativa mais viável para o produtor rural. Na propriedade, Cortez também cultiva capim, cana-de-açúcar, mandioca, além do milho para a forragem dos animais.
Baixo custo
O plantio da cactácea tem levado muitas vantagens em comparação com outras culturas agrícolas, principalmente pelo baixo custo de produção, além do manejo, que não requer muito trabalho para o produtor.
"A gente faz a limpeza manual da área e tira as mudas para o replantio. O trabalho aqui é mínimo, além de ser uma fonte rica em energia para o rebanho", comenta o produtor Marcos Cortez, que cedeu sua propriedade para a demonstração da experiência.
Na unidade agrícola, foi realizado um dia de campo com a temática "Reserva estratégica com produção de alimentos para o rebanho em longos períodos de estiagem". Neste ano, Cedro teve perdas de 90% da safra de sequeiro tendo como principais culturas o milho e o feijão. O município está em situação de emergência reconhecida pelo Governo do Estado, e está inscrito no programa Garantia-Safra. Uma situação comum a várias outras cidades do Interior cearense neste período de seca.
Dia de campo
Mais de 250 produtores rurais de Cedro e de outros municípios da região participaram de um Dia de Campo na unidade experimental. Técnicos da Ematerce e de outros órgãos de atuação no setor agropecuário apresentaram técnicas de utilização de reserva alimentar estratégica - silagem, fenação do pasto nativo, amonização da palha do capim e do milho seco, além da utilização da mandioca e da palma forrageira.
De acordo com Itamar Lemos, diretor da SDA, o agricultor tem que adotar uma mudança de comportamento, decidir fazer reserva alimentar para o rebanho mediante os períodos de estiagem que o sertão enfrenta. "Não dá mais para esperar pelo próximo inverno, acreditando que vai chover cedo e que a alimentação vai surgir naturalmente", frisou. "É preciso adotar reserva de alimentação para ser utilizada no tempo de escassez".
O produtor rural José Benigno cria 60 cabeças de gado leiteiro, no Vale do Faé, em Quixelô. Assim como outros produtores da região, enfrenta dificuldades para se manter na atividade.
"É difícil, mas é do campo que tiramos nosso sustento, a seca sempre existiu, o que podemos fazer é buscar meio de conviver com a falta de água", disse. "Mesmo na nossa região semiárida, muitos agricultores ainda se mostram despreparados para enfrentar a seca, que é um fenômeno comum".
O consultor Raimundo Reis Filho, da empresa Leite & Negócios, é um dos incentivadores do cultivo de palma forrageira para reserva alimentar em longos períodos de seca por apresentar muitas vantagens - menor custo de produção, fácil utilização, manejo e elevado valor nutritivo, energético. "Depois de morte de gado nos dois primeiros anos de seca, observamos que os criadores estão mais preparados, têm reserva alimentar", frisou.
Em 2014, foram distribuídas três milhões de raquetes e neste ano sete milhões por meio do programa governamental Hora de Plantar do Governo do Estado. Para Raimundo Reis, a palma é o milho do sertão.
As unidades demonstrativas levam novos conhecimentos aos produtores, tentam quebrar resistências entre os agricultores. A partir do segundo semestre a situação vai piorar porque o acesso à água vai ficar mais restrito.
Os produtores rurais reclamam, entretanto, da falta de assistência técnica no campo de forma mais ampla, que melhore a convivência com o semiárido.

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/estrategia-de-plantio-reduz-fome-1.1365763

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