Cedro. Sem
perspectivas favoráveis para uma boa quadra chuvosa no próximo ano e depois de
quatro anos seguidos de precipitações abaixo da média, produtores rurais
passaram a investir em segurança alimentar para o rebanho no sertão cearense. O
plantio de palma forrageira é uma das opções mais utilizadas em municípios cujo
solo é favorável ao cultivo do cacto.
O
Governo do Estado, por meio da Secretaria do Desenvolvimento Agrário (SDA),
Ematerce e Instituto Agropolos vem realizando eventos e capacitações no
Interior com foco na produção de palma forrageira e apoio à formação de reserva
alimentar para o rebanho bovino, ovino e caprino. No sítio Marrecas, zona rural
deste município, no Centro-Sul do Estado, o agropecuarista Marcos Cortez, há
pouco mais de dois anos, iniciou o plantio de palma forrageira. As plantas
estão distribuídas em uma área de meio hectare e tem tido bom desenvolvimento.
A
escolha de cultivar palma surgiu como uma fonte alternativa mais viável para o
produtor rural. Na propriedade, Cortez também cultiva capim, cana-de-açúcar,
mandioca, além do milho para a forragem dos animais.
Baixo custo
O
plantio da cactácea tem levado muitas vantagens em comparação com outras
culturas agrícolas, principalmente pelo baixo custo de produção, além do
manejo, que não requer muito trabalho para o produtor.
"A
gente faz a limpeza manual da área e tira as mudas para o replantio. O trabalho
aqui é mínimo, além de ser uma fonte rica em energia para o rebanho",
comenta o produtor Marcos Cortez, que cedeu sua propriedade para a demonstração
da experiência.
Na
unidade agrícola, foi realizado um dia de campo com a temática "Reserva
estratégica com produção de alimentos para o rebanho em longos períodos de
estiagem". Neste ano, Cedro teve perdas de 90% da safra de sequeiro tendo
como principais culturas o milho e o feijão. O município está em situação de
emergência reconhecida pelo Governo do Estado, e está inscrito no programa
Garantia-Safra. Uma situação comum a várias outras cidades do Interior cearense
neste período de seca.
Dia de campo
Mais de
250 produtores rurais de Cedro e de outros municípios da região participaram de
um Dia de Campo na unidade experimental. Técnicos da Ematerce e de outros
órgãos de atuação no setor agropecuário apresentaram técnicas de utilização de
reserva alimentar estratégica - silagem, fenação do pasto nativo, amonização da
palha do capim e do milho seco, além da utilização da mandioca e da palma
forrageira.
De
acordo com Itamar Lemos, diretor da SDA, o agricultor tem que adotar uma
mudança de comportamento, decidir fazer reserva alimentar para o rebanho
mediante os períodos de estiagem que o sertão enfrenta. "Não dá mais para
esperar pelo próximo inverno, acreditando que vai chover cedo e que a
alimentação vai surgir naturalmente", frisou. "É preciso adotar
reserva de alimentação para ser utilizada no tempo de escassez".
O
produtor rural José Benigno cria 60 cabeças de gado leiteiro, no Vale do Faé,
em Quixelô. Assim como outros produtores da região, enfrenta dificuldades para
se manter na atividade.
"É
difícil, mas é do campo que tiramos nosso sustento, a seca sempre existiu, o
que podemos fazer é buscar meio de conviver com a falta de água", disse.
"Mesmo na nossa região semiárida, muitos agricultores ainda se mostram
despreparados para enfrentar a seca, que é um fenômeno comum".
O
consultor Raimundo Reis Filho, da empresa Leite & Negócios, é um dos
incentivadores do cultivo de palma forrageira para reserva alimentar em longos
períodos de seca por apresentar muitas vantagens - menor custo de produção,
fácil utilização, manejo e elevado valor nutritivo, energético. "Depois de
morte de gado nos dois primeiros anos de seca, observamos que os criadores
estão mais preparados, têm reserva alimentar", frisou.
Em
2014, foram distribuídas três milhões de raquetes e neste ano sete milhões por
meio do programa governamental Hora de Plantar do Governo do Estado. Para
Raimundo Reis, a palma é o milho do sertão.
As
unidades demonstrativas levam novos conhecimentos aos produtores, tentam
quebrar resistências entre os agricultores. A partir do segundo semestre a
situação vai piorar porque o acesso à água vai ficar mais restrito.
Os
produtores rurais reclamam, entretanto, da falta de assistência técnica no
campo de forma mais ampla, que melhore a convivência com o semiárido.
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