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sexta-feira, 3 de julho de 2015

Retirada de peixes mortos será concluída

Iguatu. Piscicultores e operários devem concluir até hoje o trabalho de retirada de três mil toneladas de peixe tilápia mortos em tanques-redes no Açude Castanhão. Grande parte do pescado permanece nas gaiolas e outra na beira d'água. Além desse reservatório, o Açude Orós voltou a registrar nova mortandade da mesma variedade. Produtores estimam perda em torno de 400 toneladas.
Nos últimos 15 dias ocorreram duas tragédias que atingiram mais de 600 pequenos produtores nos dois açudes. 

A mortandade no Castanhão afetou gravemente a economia de Jaguaribara, que é dependente da piscicultura intensiva. Desemprego, falta de renda e dívidas a pagar formam um cenário que atinge as famílias daquele município. De acordo com o secretário municipal de Infraestrutura e Urbanismo, Roberto Colares, o clima é de desolação, entre os moradores. "Morreu mais de 90% da produção dos pequenos criadores", frisou. "Toda a economia da cidade foi afetada". Padarias, postos de gasolina, vendedores de lanche e outros setores já sentem o impacto da paralisação da atividade produtiva.
A mortandade de peixe nos dois açudes era uma tragédia anunciada. No reservatório de Orós desde 2013 que vêm ocorrendo sucessivas mortes de pescados em tanques-redes.
Em março passado, atingiu a região de Jequi, em águas que banham o município de Quixelô. Isso afetou 150 criadores e deixou um prejuízo estimado em R$ 1,5 milhão. Todo o peixe que se encontrava em 350 gaiolas foi perdido.
Dias antes da tragédia do Castanhão ocorreu nova mortandade de peixe tilápia nas localidades de Jardim, Jurema, Tabuleiro e Brejinho, em Orós. De acordo com levantamento da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Município, 80 piscicultores foram diretamente afetados. "Todos têm empréstimos no banco e vão precisar recomeçar", frisou o secretário, Henrique Silva.
No Açude Castanhão, os números são bem mais significativos. Uma produção mensal estimada em 1.500 toneladas de tilápia e mais de 2.500 famílias envolvidas na atividade. É o maior produtor do Estado dessa variedade específica de peixe criada em cativeiro.
O secretário adjunto da Secretaria de Aquicultura e Pesca do Ceará, Euvaldo Bringel, disse que o governo do Estado liberou recursos para o município de Jaguaribara para a contratação de operários e máquinas para a retirada do pescado, solicitou um levantamento real das perdas e a identificação dos piscicultores, dos valores e modalidades de financiamentos. "O governador vai discutir com o governo federal uma solução para as dívidas contraídas nos financiamentos bancários", frisou.
Foi criada uma comissão para tratar da mortandade de peixe no Castanhão. "A ação de imediato, que é a retirada do peixe morto, está em andamento", disse Bringel. "As pessoas estão muito abaladas, os trabalhadores desempregados, produtores sem renda e depois vamos ver como recuperar a economia local".
No Açude Castanhão, os piscicultores responsabilizam a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) por ter feito uma operação equivocada de liberação de água para o Rio Jaguaribe, que teria ocasionado a formação de onda e a liberação de água interna, mais profunda, que teria subido com material orgânico, sem oxigenação, provocando a mortandade contínua dos peixes nas gaiolas.
A Cogerh divulgou nota sobre o episódio. Para a Companhia, houve concentração de gaiolas em uma determinada área e a mortandade do peixe é um evento passível de ocorrer em qualquer reservatório. A morte estaria relacionada com a baixa concentração de oxigênio na água e, por último, o órgão nega que a operação da válvula provocou o problema, pois tal medida já foi utilizada outras vezes.
Honório Barbosa
Colaborador

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