A privatização dos aeroportos de Fortaleza, Recife, Florianópolis,
Curitiba e de Porto Alegre, até então sob a administração da Infraero, a ser
anunciada hoje, pela presidente, Dilma Rousseff, como parte do Programa de
Investimentos em Logística (PIL), é o que irá, de fato, inserir o Ceará no
tabuleiro de xadrez, no triangular, em que se transformou a atração do Hub da
TAM no Nordeste. O jogo está sendo disputado pelos estados cearense,
pernambucano e potiguar.
A avaliação é do secretário estadual de Turismo, Arialdo Pinho.
Segundo ele, "sem a privatização do aeroporto (Pinto Martins) seria muito
difícil participar da disputa em pé de igualdade e atrair o hub da TAM".
Para Pinho, a concessão da gestão do aeródromo à iniciativa privada, neste
momento de retomada das obras, é um ponto positivo para o Ceará, porque vai
permitir que a estrutura operacional do Aeroporto Internacional Pinto Martins
já seja adequada às exigências e necessidades da operadora aérea.
Ele cita, por exemplo, uma das demandas da TAM: a instalação de
uma esteira informatizada, que identifica e transporta malas e bagagens de uma
aeronave a outra, sem a interferência humana, e que poderia ser alojada no
primeiro piso do aeroporto. "Essa esteira é o que viabiliza, é o que dá a
velocidade que um hub exige", destacou o secretário, informando que o
equipamento faz todo o trabalho de um voo, entre 35 e 45 minutos.
Celeridade
Para o secretário, a privatização irá dar maior celeridade às
obras de reformas e ampliação - que, apesar de já licitadas, ainda nem
começaram. "Agora voltamos a concorrer em pé de igualdade e até com
vantagens (em relação a Recife), porque ainda podemos readequar o projeto. Eles
não", destacou Arialdo Pinho.
Ele ressalta que agora o governo do Estado vai poder começar a
negociar com a TAM, já que, até ontem, o Ceará não tinha como participar do
"jogo", posto que sequer tinha a certeza de que poderia dispor de um
aeroporto pronto nos próximos meses. Segundo ele, a privatização levará de oito
a 12 meses para se concretizar, tempo necessário para que as negociações
evoluam no Estado.
O secretário de Turismo evita falar em benefícios fiscais,
tributários e investimentos que o governo do Estado estaria disposto a fazer
para trazer o equipamento para o Pinto Martins, mas garante que "vamos
trabalhar para isso, porque um hub atrai investimentos, gera negócios".
Mas na área de mobilidade urbana, ele adianta que o governo do
Estado pretende agilizar as obras do VLT, incluindo a construção de um ramal
até o aeroporto, enquanto a Prefeitura de Fortaleza cuidará dos BRTs
(corredores exclusivos de ônibus). Ele não confirma informações do trade
turístico de que os investimentos necessários para instalar o hub em Fortaleza
seja da ordem de R$ 700 milhões.
Pinho explica que não fala em números e em concessões que o
governo pretende fazer à TAM "por questões estratégicas, de competição com
os demais estados concorrentes". Para ele, além de Recife, o Aeroporto de
Parnamirim também é um concorrente forte, "porque tem um ministro
(Henrique Alves, do Turismo) que é de lá" (do Rio Grande do Norte.
'Unhas
e dentes'
Para o deputado Federal, José Guimarães, a privatização da
Infraero e consequente concessão da gestão do Pinto Martins para a iniciativa
privada é mais uma conquista do Ceará, "é o primeiro passo para
convalidação do Hub da TAM no Estado". "Vamos lutar com unhas e
dentes por esta causa", declarou.
Carlos
Eugênio
Repórter
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