Até ontem, o Ceará confirmou 11 casos de meningite meningocócica
em 2015, dois deles resultando em morte. O número já se aproxima do registrado
em 2014, quando, no ano inteiro, 15 pessoas foram diagnosticadas com a doença,
de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa-CE). Em relação ao ano
passado, a meningite foi percebida nove vezes na Capital e seis no Interior.
Os índices, contudo, vêm diminuindo no Ceará. O último pico da
enfermidade aconteceu em 2012, quando 86 casos foram diagnosticados. No ano
seguinte, o número de ocorrências caiu para 47.
A meningite é considerada uma doença endêmica no Estado, ou seja,
registros são esperados ao longo de todo o ano, com surtos e epidemias
ocasionais, ainda que haja períodos de menor incidência. Dessa forma, o alerta
para o diagnóstico é constante, conforme explica o infectologista e professor
de Medicina da Universidade Federal do Ceará, Anastácio Queiroz. "Embora
os casos de meningite estejam menores, é uma doença que exige preocupação
contínua, por conta da gravidade e, no caso do tipo meningocócica, pela alta
possibilidade de transmissão de uma pessoa para outra".
A meningite meningocócica é a que mais pode causar danos,
incluindo o óbito. Provocada principalmente por uma bactéria, conhecida como
meningococo, o agente etiológico pode ser transmitido pelas vias respiratórias.
Há ainda a possibilidade de ser causada por pneumococos, o mesmo da pneumonia,
ou hemófilos, causadores de diversas outras infecções. O quadro mais grave
ocorre quando a bactéria se instala nas leptomeninges, um grupo de membranas
que revestem o sistema nervoso central, o que inclui o encéfalo e a medula
espinhal.
Também existem casos em que vírus são os responsáveis pelo
processo inflamatório das meninges, representando, contudo, quadros mais
brandos da doença.
Sintomas
Os sintomas mais característicos incluem febre alta, rigidez no
pescoço, vômitos em jato e dores de cabeça intensas e incessantes. O
diagnóstico ágil é necessário para impedir que outras pessoas que convivem com
o infectado também possam desenvolver a doença, caso tenham sido contaminadas,
como explica Anastácio Queiroz.
"Infelizmente, é uma doença que se transmite de pessoa para
pessoa e a grande importância do diagnóstico é a facilidade de prevenir. E é
uma doença muito grave, por meio da qual as pessoas vão a óbito mesmo com
diagnóstico confirmado. Apesar do número de casos neste ano ser pequeno, é
importante manter o alerta, pois é uma patologia que está presente aqui no
Ceará e em outros locais", aponta o especialista.
Casos
Devido à maior incidência de meningite ser entre crianças menores
de 5 anos de idade, chamaram atenção, no último mês de abril, cinco pessoas
encarceradas na Cadeia Pública de Aquiraz, identificadas com a doença.
Em maio, dois internos da Casa de Privação Provisória de Liberdade
Professor Clodoaldo Pinto (CPPL II), em Itaitinga, morreram por conta da
enfermidade, mesmo após darem entrada no Hospital São José com os sintomas.
Na ocasião, todos os presidiários da vivência D, onde os detentos
estavam, receberam medicação preventiva enviada pela Secretaria da Saúde do
Estado, a partir da identificação do primeiro caso. O bloqueio epidemiológico
foi realizado em todos os agentes penitenciários e demais funcionários da
unidade prisional.
Além disso, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado chegou a
suspender todas as visitas durante um fim de semana, para evitar o contato dos
familiares com possíveis agentes causadores da doença.
Ranniery
Melo
Repórter
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