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terça-feira, 2 de junho de 2015

Com economia estagnada, Nordeste terá 'São João da crise'

Cardeal da Silva. A deterioração da economia brasileira, a queda na arrecadação e a crise provocada pelos escândalos de corrupção na Petrobras fizeram queimar na fogueira os recursos para que prefeitos do Nordeste possam organizar as tradicionais festas de São João, que se iniciam nas próximas semanas.
No interior dos Estados, principalmente da Bahia, as festas juninas são o principal evento popular do ano, atraem turistas, movimentam as economias locais, geram empregos e garantem dividendos políticos para os prefeitos. 

"Ou eu pago a folha dos professores ou eu faço o São João", desabafou a prefeita de Cardeal da Silva, Maria Quitéria Mendes (PSB).
Diante de crescentes dificuldades orçamentárias e da queda na arrecadação, a prefeita optou por uma decisão drástica: cancelou a festa programada para os 9,6 mil habitantes do município, localizado a 142 km de Salvador. "As pessoas ficam indignadas com o prefeito, a culpa é sempre do prefeito, mas a conta não fecha, quando você arrecada menos e gasta mais com saúde e educação", comenta Maria Quitéria, que preside a União dos Prefeitos da Bahia.
A mesma decisão foi tomada pelo prefeito Antônio Carlos Paim Cardoso (PT), do município de Amélia Rodrigues, para quem o São João é "supérfluo", consideradas as atuais circunstâncias. "O momento atual não é de fazer festa nenhuma, a gente tem de se precaver pra passar o ano e ver como vai ficar o andamento da economia", diz o petista. Nas contas do prefeito, uma festa junina de médio porte não sai por menos de R$ 200 mil. "Essa despesa é um negócio impossível", afirma.
Petrobras
Uma das principais patrocinadoras das festas juninas na região Nordeste, a Petrobras informou à reportagem que a "totalidade dos investimentos para o São João de 2015 e para o patrocínio cultural ainda estão sendo avaliados". Os prefeitos, no entanto, já dão como certo que a demora na liberação de recursos significa que não haverá dinheiro da empresa para bancar as festas juninas desta vez.
Em meio à crise com os desdobramentos da operação Lava-Jato, a empresa já encolheu neste ano o patrocínio destinado ao carnaval baiano.
Em 2014, a estatal investiu R$ 7,7 milhões no patrocínio do São João de 130 municípios - 119 deles da Bahia, 3 no Rio Grande do Norte, 3 em Sergipe, 2 em Alagoas, 2 na Paraíba e 1 em Pernambuco.
De acordo com a Petrobras, desde o início do patrocínio ao São João, em 2005, a Bahia é o estado com o maior número de municípios contemplados.
Um dos municípios beneficiados em 2014 foi Uauá (BA), que tem São João como padroeiro. A cidade, conhecida como "a capital do bode", decidiu fazer um São João mais enxuto em tempos de crise: em vez de dez dias de festança, a fogueira será acendida por apenas quatro.

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