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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Inadimplência cresce mais entre os idosos

São Paulo. Foi-se o tempo que a população com mais de 65 anos de idade tinha poucas dívidas e praticamente não corria riscos financeiros. Com o número crescente de ofertas de linhas de crédito, especialmente para camadas de menor renda, a inadimplência dos consumidores da terceira idade está crescendo num ritmo superior ao do calote médio dos brasileiros. Além disso, os mais idosos ganharam participação no total de inadimplentes.

Em julho, o número de dívidas com pagamento atrasado dos que têm entre 65 e 84 anos aumentou 9,05% em relação a igual mês de 2013. Enquanto isso, a inadimplência de todas as faixas etárias avançou, em média, 5,29%, aponta pesquisa nacional do SPC Brasil. "Os mais velhos de hoje não são como os de antigamente. A população da terceira idade está ganhando importância na atividade econômica, tendo novos hábitos de consumo, como viagens turísticas, e acabou se endividando mais", afirma Marcela Kawauti, economista do SPC Brasil e responsável pela pesquisa. Quatro anos e meio atrás, por exemplo, a fatia de brasileiros com idade entre 65 e 84 anos era de 4,66%no total de inadimplentes. Em julho último tinha subido para 6,01%.
Outra pesquisa, também de âmbito nacional, feita pela Boa Vista Serviços, administradoras do SCPC, para traçar o perfil do inadimplente, aponta para a mesma direção. A fatia de consumidores inadimplentes com mais 56 anos de idade subiu de 13% para 17%, do primeiro para o segundo trimestre deste ano. E no segundo trimestre de 2013 estava em 12%.
Enquanto isso, a participação dos estratos mais jovens no calote diminuiu em igual período. Na faixa etária de até 30 anos, caiu de 22% para 19%, do primeiro para o segundo trimestre, e recuou de 15% para 12% entre os que têm de 31 a 35 anos. No intervalo entre 36 e 55 anos houve estabilidade.
Para o diretor de Sustentabilidade da Boa Vista Serviços, Fernando Cosenza, o avanço dos mais velhos no total de inadimplentes na comparação com os mais jovens reflete o fato de essa faixa etária da população ter despesas compulsórias, como gastos com remédios, que não podem ser reduzidas ou evitadas. Por outro lado, ele observa que, no caso dos mais jovens, as despesas que normalmente levam ao calote estão ligadas ao consumo de itens que podem ser suprimidos ou adiados.
Inclusão
Um dos fatores que explicam a alta do calote entre os mais velhos é a inclusão financeira, que mudou não só o perfil da população mais idosa pelo lado do consumo como também pelo lado da renda, ressalta a economista do SPC Brasil. "Os mais velhos ganharam importância na atividade, estão mais ativos economicamente, tornaram-se bancarizados e se endividaram mais", afirma ela.
Assim como os demais brasileiros, problemas financeiros, que incluem descontrole no orçamento e queda na renda, são apontados pelos inadimplentes dessa faixa etária com o principal motivo do calote, com 39% das respostas, só um pouco abaixo do resultado geral para esse quesito, que somou 43%, segundo o SPC Brasil.
A questão, segundo a economista, é que, apesar de eles terem uma vida mais ativa do ponto de vista econômico, a população da terceira idade tem menos flexibilidade na renda. Isto é, encontra dificuldade para obter ganhos extras, fazendo bicos, e enfrenta mais obstáculos para mudar de emprego, ao contrário do que ocorre com os mais jovens. Por isso, fala, a inadimplência dessa faixa etária tende a ser maior tanto na comparação com a média da população como em relação aos mais jovens.
Em nome de terceiros
Outro fator que chama atenção como causa da inadimplência apontada pela população mais idosa é o empréstimo do seu nome para outra pessoa comprar a prazo. Esse motivo é relatado por 11% dos entrevistados como responsável pelo calote, ante 7% entre a média da população. Movimento semelhante ocorre com a pressão exercida por parentes para compras de interesse deles.
http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/inadimplencia-cresce-mais-entre-os-idosos-1.1085837

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