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segunda-feira, 23 de junho de 2014

CE pode ser habitat de espécies desconhecidas

Apesar de quatro séculos de caça e desmatamento, principais responsáveis pela extinção de espécies importantes de sua fauna, o Ceará ainda possui áreas na região centro do Estado (Sertão Central e Inhamuns) praticamente inexploradas pela Zoologia e Etnozoologia. Ali, podem existir novas espécies ainda desconhecidas da Ciência. A constatação é um dos resultados da tese de doutorado do biólogo Hugo Fernandes Ferreira, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O estudo "História da Zoologia no Estado do Ceará", recentemente publicado na revista científica Gaia Scientia, representa um estímulo maior para que mais pesquisadores foquem seus trabalhos em terras cearenses com grandes chances de descobertas em futuro próximo.
Ele explica que o litoral e as serras foram muito bem exploradas pelos estudiosos e essa área, nomeada com "buraco amostral", é rica em seu ecossistema. Além disso, aponta a pesquisa, considerando que, nos últimos três anos, três novas espécies foram descobertas no Ceará - o lagarto Tropidurus jaguaribanus, a rã Pseudopaludicola pocoto e o porco-espinho Coendou baturitensis - as possibilidades de novas espécies para a Ciência ou pelo menos novos registros de distribuição para espécies já conhecidas são muito fortes.
A região central do Ceará é caracterizada principalmente pelo clima semiárido e vegetação seca, com espécies arbustivas e arbóreas, típica do bioma da Caatinga. Apesar de, comenta Hugo Ferreira, muita gente achar que regiões como essa oferecem pouca diversidade, o que ocorre, de fato, é justamente o contrário.
"A Caatinga abriga uma grande variedade de animais, incluindo espécies endêmicas (ou seja, que só existem na Caatinga) e ameaçadas de extinção. Por exemplo, é justamente na Caatinga onde ocorre o maior número de aves ameaçadas", explica o pesquisador.
Extinção
Entre os animais em real perigo de extinção estão a onça pintada (Panthera onca) e preguiça (Bradypus tridactylus). Além deles, outras espécies que eram abundantes antes e que hoje são raras: cateto (Pecari tajacu), jacu (Penelope sp) e onça parda (Puma concolor). "Por conta da necessidade da caça, e isso se tornou uma cultura no Ceará, esses animais se tornaram alvo e ainda são", frisa, enumerando as que foram completamente extintas: a anta (Tapirus terrestris), ema (Rhea americana), arara-caniné (Ara ararauna) e queixada (Tayassu pecari).
Em seu trabalho, realizado em parceria com os cearenses Heideger Nascimento, Daniel Cassiano Lima, Newton Gurgel Filho e do paraibano Rômulo Alves, Hugo Ferreira afirma que, historicamente, o Ceará foi palco de diversos estudos de caráter zoológico, desde os primeiros naturalistas até os atuais e complexos estudos acadêmicos. Todavia, avalia, nota-se que a maioria das pesquisas contemporâneas não atrela resultados e discussões com o respectivo contexto histórico. "Dessa forma, essa série de publicações que tem como objetivo realizar um levantamento histórico dos pesquisadores e documentos que tratem da diversidade zoológica presente no Estado", pontua.
Lêda Gonçalves
Repórter

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/cidade/ce-pode-ser-habitat-de-especies-desconhecidas-1.1043156

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