Torcedores foram barrados e
outros passaram até 3h30 para resgatar os ingressos no Centro de Eventos
Para quem foi ontem ao
Centro de Eventos do Ceará (CEC), nunca a frase "imagine na Copa" foi
tão bem empregada. Muitos consumidores tentaram retirar os ingressos para a
Copa das Confederações e sofreram com a falta de organização no centro de
distribuição, que fez com que a média de permanência no local ultrapassasse as
três horas.
Consumidores que chegaram
sem agendamento ao CEC foram impedidos de entrar e tiveram de voltar para casa.
Houve casos em que o cliente saiu com um recibo improvisado para retirar os
ingressos restantes depois fotos: Kiko Silva/Reprodução
Em total contradição ao que
a Fifa garantia em seu site - que aponta que todos os compradores podem retirar
os bilhetes independente de pré-agendamento -, a própria entidade e a
responsável por gerir os bilhetes, a Match Services, barraram a pessoas que se
deslocaram até o CEC para buscar os tíquetes.
Ao se deparar com as portas
trancadas, um segurança terceirizado indagava ao cliente se havia reserva e,
com a negativa, voltava a cerrar a entrada.
Foi o caso do universitário
Rivardo Granja. Ele chegou a ir ao local pela manhã e foi barrado.
Inconformado, o estudante contactou a Central de Atendimento da Fifa, que
garantiu que ele teria acesso livre ao pavilhão, mas, durante a tarde, o
comprador voltou a ser impedido de entrar e resgatar seu bilhete.
Situação um pouco pior viveu
o advogado Milton Pontes. Às vésperas de uma viagem inadiável, ele não pôde
receber o ingresso e não estará na cidade para buscar em outro momento.
"Não sei o que fazer,
me pediram para buscar uma alternativa. Pedem para agendar, mas estarei em São Paulo nos dias
disponíveis. A situação é complicada, pois chego próximo ao jogo entre Brasil e
México". Vexame internacional
O chileno Nícolas Leiva até entrou no pavilhão,
mas saiu de mãos abanando. O estrangeiro revelou que havia pessoas que chegaram
pela manhã e às 16h ainda estavam no local. Leiva entrou no CEC às 14h e, após
duas horas e meia no interior do prédio, saiu com o pedido para retornar no dia
1º de maio.
"É um absurdo. Um trabalho que levaria cinco
minutos está demorando mais de três horas. Não havia sequer água e não temos
acesso aos banheiros. Nunca passei por uma situação dessas e ainda terei de dar
um jeito de voltar outro dia, pois meu ingresso não foi impresso".
Jeitinho
Quem teve mais de uma entrada para resgatar passou
ainda por outros problemas. Em muitos casos, o torcedor saiu sem todos os
tíquetes adquiridos. Em alguns casos, o cliente saiu com um comprovante
improvisado, uma espécie de recibo feito à mão.
A reportagem procurou alguém da organização no
local, mas, além de ter sido barrada no pavilhão, não foi atendida pela Fifa ou
a Match Services.
Consumidores terão preferência
no Decon
Diante de tanto desrespeito ao consumidor, o
Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (Decon), prometeu agir e
fazer valer os direitos dos clientes lesados no primeiro dia de entrega de
ingressos para a Copa das Confederações. O órgão divulga que terá, nesta
sexta-feira, um esquema especial para receber os torcedores.
A secretária executiva do órgão, Ann Chelly,
convocou os clientes que sofreram com algum problema na retirada de bilhetes
para comparecer à sede (rua Barão de Aratanha, 100) para colher informações a
respeito do descaso que muitos torcedores enfrentaram.
"Temos que tomar conhecimento do que ocorreu.
Convocamos todas as pessoas que se sentiram lesadas para podermos nos
posicionar", afirmou, lembrando que a Fifa tem obrigação de entregar os ingressos
em domicílio aos torcedores que foram lá e não receberam o bilhete. "Eles
descumpriram as regras acordadas em contrato, então quem foi e não retirou o
ingresso, tem direito de receber em casa".
Problemas foram registrados em todas as seis
cidades-sede. Em nota, a Fifa pediu desculpas pelos contratempos e solicitou
que apenas as pessoas que já agendaram atendimento se dirijam ao CEC.
Eduardo Buchholz
Repórter
Copilado do Diário do Nordeste
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