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terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Através do projeto Cinema no Ar, filmes brasileiros vêm sendo exibidos gratuitamente em 62 cidades

"O Palhaço", de Selton Mello, é um dos filmes da programação do Cine no Ar: projeto percorre cidades do Interior, com estrutura de cinema para 300 espectadores

Poucas biografias sobre o cineasta espanhol Pedro Almodóvar, reconhecido por filmes como "Tudo Sobre Minha Mãe" e "Fale com Ela", contam que, antes de mudar-se para Madrid, aos 20 anos, seu primeiro encontro com o cinema já havia acontecido. 


Na pequena Calzada de Calatrava, onde vivia com sua família, Pedro assistia a sessões promovidas nas ruas, levando consigo uma lata de carvão para combater o frio durante a projeção.

Assim como foi para o cineasta espanhol, este primeiro contato deixa sempre lembranças duradouras. "Para algumas pessoas que nunca viram um filme numa tela gigante, é como ver o mar". Esse é o depoimento de Luiz Bolognesi, cineasta brasileiro que sabe bem o que é o caloroso encanto sentido por uma pessoa em seu primeiro encontro com o cinema.

O diretor é um dos idealizadores do projeto Cinema no Ar, que promove sessões gratuitas de filmes brasileiros em espaços abertos de diversas cidades do país. A iniciativa viaja pelo Nordeste, mais precisamente pelo Ceará. Jaguaruana recebe, hoje e amanhã, a programação do projeto; nos dias 31 de janeiro e 1 de fevereiro será a vez de Juazeiro do Norte.

Itinerância

Segundo Bolognesi, o Cinema no Ar, nos moldes atuais, já está ativo há dois anos, no último com patrocínio da Caixa Econômica. Mas muito antes disso, há 15 anos, Bolognesi, ao lado da cineasta Laís Bodanzky, já percorria o Nordeste com o projeto Cine Mambembe. "Era bem mambembe mesmo, viajávamos por várias cidadezinhas exibindo curtas, sem muita qualidade. Até fizemos um documentário sobre isso. Há oito anos profissionalizamos esse projeto, mas não tínhamos retornado a essa região ainda. Estamos muito felizes com essa itinerância", declara o idealizador.

Os anos de experiência ajudaram a chegar no curioso modelo adotado para as projeções: uma grande tela inflável, montada a cada fim de semana em um município diferente. "O diretor de arte Cassio Amarante bolou essa solução para nós. Queríamos uma forma segura, de fácil montagem e, acima de tudo, esteticamente interessante. Boa parte do nosso público nunca foi ao cinema, então é importante que o espaço da exibição seja bonito, chame a atenção da população, para que essas pessoas se sintam reconhecidas", explica Bolognesi.

Apesar de simples, a estrutura é de alta qualidade, com imagem e som HD. "A exibição é melhor do que em muitas telas de shoppings", afirma, categórico. Por se tratar de um espaço aberto, a projeção não sobre com a reverberação, garantindo grande qualidade sonora. "Na caixa dos cinemas convencionais, o som, por melhor que seja, bate e volta, é uma diferença de um segundo, mas gera mudanças. Ao ar livre, não há esse problema", acrescenta.

Pelo menos até junho, o projeto permanece com quatro filmes em cartaz, exibindo dois a cada noite. São eles: "O Palhaço", "Eu e Meu Guarda Chuva", "Rio" e "Saneamento Básico - O Filme". A visitação está prevista para 62 cidades nordestinas. "O cinema tá sendo super lotado em todas as sessões, temos 350 cadeiras, mas aparecem mais de 400 pessoas em algumas localidades. Tem gente que leva a sua cadeira, gente em pé, na calçada da igreja, já vimos até gente em cima dos telhados. É muito prazeroso pra todos", afirma o cineasta.

Panorama

"A situação é trágica", sentencia Bolognesi sobre as salas de cinema no Brasil. De acordo com números do IBGE, citados pelo diretor, 92% dos municípios brasileiros não tem salas de exibição. Apenas 8% tem cinemas e, ainda sim, nem toda a população dessas cidades pode ter acesso a eles por causa do preço do ingresso. "Em São Paulo, os ingressos custam, em média, R$ 16 e, em fins de semana, R$ 24 reais, contabiliza isso para uma família de quatro pessoas. É um luxo!", defende.

Assim, cerca de 75 a 80% da população brasileira não tem acesso ao cinema. "O Cinema no Ar é uma gota no oceano, mas nossa intenção é justamente dizer que precisamos levar infraestrutura e conteúdo para o povo. Estamos sofrendo uma crise de infraestrutura cultural geral e o cinema é apenas uma linguagem. Com certeza, acontece o mesmo com o teatro, a dança, a literatura...", avalia. 

SAIBA MAIS

Jaguaruana
Hoje
18h30 - Eu e Meu Guarda-Chuva
20h15 - Saneamento Básico, o filme (12 anos)

Terça-feira
18h30 - Rio
20h15 - O Palhaço (10 anos)
Local: Praça Adolfo Francisco da Rocha, 404 - Praça da Prefeitura
Juazeiro do Norte

Quinta-feira
18h30 - Eu e Meu Guarda Chuva
20h15 - Saneamento Básico
Sexta-feira
18h30 - Rio
20h15 - O Palhaço
Local: Praça Frei Damião (em frente ao Centro de Educação Infantil Adalgisa Gomes de Figueredo) - Baixa da Raposa

Leia mais em blogs.http://diariodonordeste.com.br/blogdecinema

Mais informações:Cinema no Ar - projeto de cinema itinerante da produtora Tela Brasil.Cada sessão disponibiliza300 lugares.
A programação é gratuita.

Contato: http://www.telabr.com.br/
MAYARA DE ARAÚJO

REPÓRTER
Compilado do Diário do Nordeste Online

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