Estiagem é entrave para a
dinâmica econômica da Capital e do Interior, prejudicando quem vende e quem
compra
A escassez na produção
agrícola é ruim para o cearense do Interior e para o da Capital também. O
primeiro deixa de vender, restando-lhe o prejuízo do tamanho daquilo que
pretendia colher. O último recorre a mercadorias de outros lugares do País e
tem que desembolsar uma quantia bem mais elevada por isso. Quanto mais longe,
mais caro o transporte e maior o número de atravessadores.
Ao longo deste ano de 2012,
o jornal vem acompanhando o drama dos sertanejos e o reflexo disso na Capital
cearense FOTO: REPRODUÇÃO
Em uma lógica econômica
simples, em vez de circular internamente no Estado, parte do dinheiro que se
destinaria ao setor agropecuário cearense toma um novo rumo; dissipa-se no
extenso caminho que o alimento leva até chegar ao lar do consumidor alencarino,
onde a demanda é expressiva.
Peso no bolso
"A população mais pobre
de Fortaleza é que mais sente no bolso os efeitos da estiagem no Estado",
acredita o professor e economista Carlos Manso, coordenador do Laboratório de
Estudos da Pobreza (LEP), do Curso de Pós-Graduação em Economia (Caen), da
Universidade Federal do Ceará (UFC).
Itens básicos
Segundo ele, a elevação dos
preços incide sobre produtos básicos. "Uma pequena alta nesse grupo já
gera um comprometimento muito grande da renda desse perfil de fortalezense, já
que é baixa. Isso repercute, ainda, em outros produtos e serviços que podem
deixar de ser adquiridos, como educação, por exemplo, já que mais dinheiro do
orçamento mensal fica comprometido com alimentação".
E Carlos Manso tem razão.
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a inflação do
segmento nos primeiros 15 dias de setembro foi de 1,92% em Fortaleza e de 7,28%
no acumulado de 2012. O IPCA-15(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) também
apontou que gastos com comida pesam 29,9% no índice geral da inflação para o
fortalezense.
Locomotiva é afetada
Para o coordenador do LEP,
Fortaleza também sofre o impacto da estiagem até porque depende do que é
produzido em outras localidades. "A Capital é a locomotiva. Um grande
organismo concentrador de tudo, e que sente quando as coisas que vão bem e
quando não vão tão bem assim. Ela sente qualquer dor", explica, destacando
que se um dos segmentos está em dificuldades (no caso, o agropecuário), isso
vai, em cadeia, atingir outros setores, como o de serviços, comércio, turismo,
entre outros. "É uma cadeia. Não existem fronteiras econômicas. Costumo dizer
que o nosso desempenho é movido de acordo com o índice pluviométrico. Quando
chove, o Ceará rende mais; no contrário disso, há uma desacelaração".
ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER
Copilado do Diário do
Nordeste
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