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domingo, 30 de setembro de 2012

Produção menor gera mais gasto


Estiagem é entrave para a dinâmica econômica da Capital e do Interior, prejudicando quem vende e quem compra

A escassez na produção agrícola é ruim para o cearense do Interior e para o da Capital também. O primeiro deixa de vender, restando-lhe o prejuízo do tamanho daquilo que pretendia colher. O último recorre a mercadorias de outros lugares do País e tem que desembolsar uma quantia bem mais elevada por isso. Quanto mais longe, mais caro o transporte e maior o número de atravessadores.


Ao longo deste ano de 2012, o jornal vem acompanhando o drama dos sertanejos e o reflexo disso na Capital cearense FOTO: REPRODUÇÃO

Em uma lógica econômica simples, em vez de circular internamente no Estado, parte do dinheiro que se destinaria ao setor agropecuário cearense toma um novo rumo; dissipa-se no extenso caminho que o alimento leva até chegar ao lar do consumidor alencarino, onde a demanda é expressiva.

Peso no bolso

"A população mais pobre de Fortaleza é que mais sente no bolso os efeitos da estiagem no Estado", acredita o professor e economista Carlos Manso, coordenador do Laboratório de Estudos da Pobreza (LEP), do Curso de Pós-Graduação em Economia (Caen), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Itens básicos

Segundo ele, a elevação dos preços incide sobre produtos básicos. "Uma pequena alta nesse grupo já gera um comprometimento muito grande da renda desse perfil de fortalezense, já que é baixa. Isso repercute, ainda, em outros produtos e serviços que podem deixar de ser adquiridos, como educação, por exemplo, já que mais dinheiro do orçamento mensal fica comprometido com alimentação".

E Carlos Manso tem razão. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE), a inflação do segmento nos primeiros 15 dias de setembro foi de 1,92% em Fortaleza e de 7,28% no acumulado de 2012. O IPCA-15(Índice de Preços ao Consumidor Amplo) também apontou que gastos com comida pesam 29,9% no índice geral da inflação para o fortalezense.

Locomotiva é afetada

Para o coordenador do LEP, Fortaleza também sofre o impacto da estiagem até porque depende do que é produzido em outras localidades. "A Capital é a locomotiva. Um grande organismo concentrador de tudo, e que sente quando as coisas que vão bem e quando não vão tão bem assim. Ela sente qualquer dor", explica, destacando que se um dos segmentos está em dificuldades (no caso, o agropecuário), isso vai, em cadeia, atingir outros setores, como o de serviços, comércio, turismo, entre outros. "É uma cadeia. Não existem fronteiras econômicas. Costumo dizer que o nosso desempenho é movido de acordo com o índice pluviométrico. Quando chove, o Ceará rende mais; no contrário disso, há uma desacelaração".

ILO SANTIAGO JR.
REPÓRTER
Copilado do Diário do Nordeste

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