Jovens transitam entre
vários setores e profissões conforme as oportunidades e as prioridades surgem.
Na fila de espera para ser
atendida na unidade do no Sine/IDT no Centro, Luana Rodrigues aguarda sua vez
para apresentar as cinco profissões para as quais busca uma vaga - promotora de
eventos, recepcionista, vendedora, auxiliar de escritório e caixa. Pronta para
aproveitar qualquer uma das oportunidades, permanece na expectativa pela
carteira assinada.
Aos 26 anos, traz no
currículo diversas ocupações, como balconista, depiladora e promotora de
eventos. Os diversos ofícios, iniciados quando ela era ainda adolescente, foram
ocupados e abandonados por uma série de motivos, a exemplo da jornada extensa
de trabalho, que a impedia de dedicar-se à educação, e do desejo de ver a
carteira assinada.
As mudanças frequentes de trabalho vividas por Luana compõem
o cenário constituído por um fenômeno que tem ocorrido com mais intensidade, na
Região Metropolitana de Fortaleza, nos últimos anos. Protagonistas desse
processo, jovens transitam entre vários setores e profissões, conforme surgem
novas oportunidades ou prioridades.
Segundo pesquisa do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o
tempo médio de permanência de pessoas de 16 a 25 anos em cada trabalho é de 17
meses, no caso das ocupações cujo grau de qualificação do empregado é
compatível com o posto. No caso dos ocupados considerados sobrequalificados, o
número de meses aumenta para 20. Já no caso dos subqualificados, o tempo médio
de permanência é de 15 meses. Os dados se referem ao biênio 2009-2010.
Na faixa etária de 26 a 60
anos, o tempo médio dos trabalhadores com nível de compatibilidade condizente
com a qualificação, o tempo médio é de 71 meses, caindo para 64 meses no caso
dos sobrequalificados e aumentando para 76 meses para os subqualificados.
Preocupação
Para o coordenador de
Estudos e Análises de Mercado do IDT (Instituto de Desenvolvimento do
Trabalho), Erle Mesquita, embora os dados mostrem que muitos jovens têm
conseguido mudar para profissões melhores e demonstrado habilidade para exercer
ocupações bem distintas, os resultados também geram preocupação. Segundo o
pesquisador, tendo um período de permanência tão curto nos empregos pode
acarretar problemas futuros aos trabalhadores, principalmente quanto à
contribuição à previdência e na garantia de direitos trabalhistas. Alterando
com frequência a profissão, indica, o jovem perde parte de sua
"identidade" como trabalhador, tornando mais difícil o processo de
qualificação. (JM)
Conforme Erle Mesquita, os
números também apontam que muitos empreendimentos privados não têm oferecido
aos trabalhadores condições adequadas de ocupação. Segundo o coordenador do de
Estudos e Análises de Mercado do IDT, há cerca de uma década, quando setores
que hoje estão em ascensão ainda não estavam aquecidos, os trabalhadores,
devido ao menor leque de opções, aceitavam submeter-se a situações que
envolviam baixa remuneração, jornadas de trabalho sem horário fixo - muitas
vezes estendendo-se até os fins de semana -, baixa possibilidade de ascensão
profissional, entre outros fatores.
Hoje, porém, afirma, o
número maior de vagas faz com que a população tenha maior poder de escolha,
podendo optar por condições melhores.
Desse modo, complementa, a
afirmação de empresas de determinados setores de que não há mão de obra
qualificada está relacionada à não aceitação de trabalhadores qualificados às
condições oferecidas.
Ocupação
De acordo com estudo do
Dieese, dos cerca de 350 mil jovens de 16 a 25 anos empregados na Região
Metropolitana de Fortaleza (RMF), 128 mil, estão ocupados no comércio - setor
que mais emprega pessoas dessa faixa etária na região.
Em seguida, há o setor da
indústria, que concentra 97 mil postos, sendo seguido por vagas em serviços
administrativos, com 69 mil ocupações.
Segundo dados da Pesquisa do
Emprego e Desemprego (PED) referentes a 2011, do total de empregados na
indústria, na RMF, 23,4% são jovens, enquanto, no comércio, o percentual é de
23,3%.
Serviços e Construção
No setor de serviços, 18,6%
dos ocupados pertencem à mesma faixa etária. Por sua vez, a construção civil
tem 16,9% de seus empregados como jovens. (JM)
Condições mais adequadas
pesam
Copilado do Diário do
Nordeste
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