Estudantes de Sobral e
Limoeiro do Norte aprenderam a conhecer mais as peculiaridades da sétima arte.
Fortaleza
Chegando à cidade de Sobral, o visitante percebe o quanto é presente nos
espaços urbanos a existência de equipamentos culturais, com uma programação
constante e viva voltada para um público diversificado residente na região. De
concreto, os alunos da rede pública de ensino participaram, no último dia 20,
na Brinquedoteca - "um espaço de referência do brincar", de uma
oficina de cinema de animação, atividade inserida no projeto "A Escola Vai
ao Cinema".
O objetivo é incorporar a arte nas rotinas escolares e a
perspectiva da utilização do cinema como mediador do processo de
ensino-aprendizagem.
Infelizmente, nem todos têm
acesso ou costume de ir ao cinema, principalmente quando se trata do interior
do Estado. Mas, para incentivar esse hábito e qualificar o jovem, estimulando o
espírito crítico e o debate, o projeto "A Escola Vai ao Cinema", de
2011/2012, promoveu sessões gratuitas, oficinas de cinema de animação
direcionadas aos alunos dos Ensinos Médio e Fundamental da rede pública, além
de seminários e treinamentos para professores, coordenadores e diretores das
escolas envolvidas das cidades de Limoeiro do Norte e Sobral.
Para Telmo Carvalho,
orientador de cinema de animação, que esteve em Sobral ministrando uma oficina
para os 30 alunos das escolas Raul Monte e Professor Gerardo Rodrigues, o
projeto é muito interessante, "porque, além de levar as crianças da rede
pública para o cinema, incentiva na produção de filmes com suas próprias
ideias. O que eles estão realizando aqui faz com que a gente já sinta o
interesse deles em aprender como funciona o mecanismo de produção de animação.
E o incrível disso tudo foi o engajamento, nesses dois dias de atividades,
entre eles". Na oficina, eles foram os responsáveis pela criação do
roteiro, modelagem de personagem e cenário, além da animação de seus próprios
filmes, utilizando a técnica "stop motion", que consiste em animar
quadro a quadro objetos e personagens modelados com massinhas. No final, será
produzido um filme que fará parte de um DVD, com vide e foto e menu interativo.
Mãe na tela
Com as funções divididas e
definidas por equipe, o estudante desenhista Douglas Vascleidson Vieira dos
Santos, de 14 anos, da Escola Raul Monte, ficou responsável pela criação do
roteiro, após sugerir contar a história de sua mãe na tela, justificando ser
uma pessoa do bem que sempre fez de tudo para salvar a família da fome. E o
título do filme puxa pela imaginação: "O Picolé", que fará a plateia
refletir bastante. É esperar pra assistir.
A sala de criação mais
parecia um circo multicolorido montado com crianças por todos os lados
trabalhando. Na mesa reservada para a confecção dos personagens se destacou a
estudante Isabele Maria Morais Mota, 13 anos, do 8º ano da Escola Professor
Gerardo Rodrigues, que faz desenho japonês desde os 8 anos influenciada pela
família.
Sobre o mercado de trabalho,
o orientador explica que o cinema de animação brasileiro está em crescimento
por meio de incentivos dos governos estadual e federal. E outro fator
sinalizador da ascensão está na Agência Nacional de Cinema (Ancine), que
lançará dois editais para a criação de longa metragem de animação e de séries
para a televisão brasileira. "Fazer filme de animação com a utilização de
novas tecnologias ficou muito mais fácil. Você pode produzir em qualquer local.
Mas estamos em um ambiente de formação para profissionalizarmos alunos, além da
formação de novos diretores e mão-de-obra qualificada para suprir o mercado que
está em falta de profissionais de animação", conclui.
Para a curadora, jornalista
e professora do curso de audiovisual da Unifor, Bete Jaguaribe, este projeto
oportuniza a dezenas de jovens da escola pública o encontro com o cinema
brasileiro, criando espaços de reflexão e fruição do audiovisual. As oficinas
de produção, também realizadas pelo projeto, são espaços de experimentações,
colocando os jovens em contato direto com a linguagem audiovisual. "Quem
sabe este tipo de projeto se espalhasse Brasil afora".
Positivo
Para o presidente da
Federação das CDLs do Ceará, Honório Pinheiro, o projeto é extremamente
positivo. "Assistir os depoimentos dos alunos no tocante ao projeto é
emocionante e mais gratificante, ainda, é apoiar essa aprendizagem que acontece
nas salas de cinemas do Pinheiro Supermercado".
O projeto tem como
realizadora a Federação das CDLs do Ceará, Instituto CDL de Responsabilidade
Cultural e Social e os Cinemas Francisco Lucena e Renato Aragão. Parceria do Pinheiro
Supermercado, Coelce, Prefeitura de Limoeiro do Norte, Prefeitura de Sobral,
Programadora Brasil e apoio cultural do Governo do Ceará, Banco do Nordeste e
Ministério da Cultura.
Copilado do Diário do
Nordeste
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