Seja bem vindo...

Páginas

quarta-feira, 28 de março de 2012

Apenas 27,7% das cidades brasileiras dispõem de aterros sanitários


A meta do governo federal, conforme a PRNS, é acabar de vez com os lixões em todo o País até 2014

Até o momento, segundo dados do Ministério das Cidades, cerca de 70% do lixo produzido no País estão em lixões ou em aterros controlados, chamados de lixões melhorados por serem áreas que dispensam a coleta e o tratamento do chorume.

Apenas 27,7% das cidades dispõem de aterros sanitários que, se estiverem de acordo com regras ambientais, evitam a contaminação do solo e de lençóis freáticos por resíduos do lixo. Os números são preocupantes, se levarmos em consideração as metas estabelecidas pela lei que estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).


A lei determina que a prioridade na gestão dos resíduos deixe de ser voluntária e passe a ser obrigatória, prevendo a não geração, a redução, a reutilização, a reciclagem e o tratamento.

A lei prevê a adoção da logística reversa, por meio de ações para coletar os resíduos sólidos e devolvê-los ao setor produtivo. O sucesso da logística reversa no Brasil que, de acordo com a PNRS, deve estar implantada até 2015, pode esbarrar nas distorções das normas, segundo avalia o economista Sabetai Calderoni, que preside o Instituto Brasil Ambiente e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Sustentável, em entrevista à Agência Brasil.

O especialista em economia ambiental alerta para pontos que definiu como equivocados, como o tratamento previsto para pilhas, baterias e material eletrônico. Neste caso, segundo Calderoni, a política determina que a indústria recicle 100% do material utilizado, devolvido pelo comércio. Uma meta, na avaliação dele, difícil de ser monitorada.

Sem controle

"Ninguém vai controlar quanto o consumidor mandou para o comércio e quanto o comércio mandou para a indústria. É uma falsa meta. É uma forma de burlar a intenção da lei", ressaltou o economista. A estimativa de Calderoni é de que o lixo domiciliar, se tivesse realmente um tratamento adequado, poderia gerar recursos da ordem de US$ 10 bilhões ao País por ano, dinheiro suficiente para beneficiar a população brasileira com cestas básicas e um plano habitacional. Ele acredita que o País vai conseguir captar cerca de 80% desse valor num período que pode variar de cinco a dez anos.

Para o economista, o "processo social de amadurecimento" que o País viveu nos últimos anos pode, com a implantação da atual PNRS, que estabelece, por exemplo, o fim dos lixões e a logística de retorno de embalagens e produtos usados, aumentar ainda mais os ganhos com a reciclagem de lixo.

"A gente gasta muito menos energia, por exemplo, quando usa sucata em vez de usar a matéria-prima virgem. É o caso da latinha de alumínio, em que eu economizo 95% da energia", lembra o especialista Sebatai Calderoni.

"Da mesma forma, economizo minha matéria prima que é a bauxita (gasta-se cinco toneladas de bauxita para produção de uma tonelada de alumínio), e ainda economizo água", enfatiza Calderoni. Na mesma conta, o economista ainda considera o pagamento feito pelas prefeituras aos aterros, que recebem e enterram os resíduos, além dos gastos com o transporte desse material e a perda dos ganhos que a reciclagem poderia gerar.

Reciclagem

Tanto o lixo domiciliar, quanto o entulho, produzido pela construção civil, por exemplo, poderiam ser tratados pela sistemática das centrais de reciclagem, modelo proposto por Calderoni para aumentar a lucratividade com a reciclagem de lixo no País.

Daniel Ricardo Sindic, mestre e doutor pela Universidade de São Paulo (USP) -São Carlos- na área ambiental e autor do livro "Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil: Visão crítica e propostas sustentáveis", explica que o aproveitamento atual dos resíduos não é o adequado.

Lixões

"Aqui no Brasil, a geração diária de resíduos sólidos está perto de 170 mil toneladas por dia e, desse total, quase 68 mil toneladas são jogadas diariamente em vazadouros a céu aberto, os lixões. Quanto ao resto dos resíduos, eles seguem para aterros classificados como sanitários que, mesmo sem colocar em risco a saúde pública, não acarretam vantagens ambientais, tampouco promovem o aproveitamento eficiente de energia".

Poluição

Para Sindic, o pior é que, "além de desperdiçar materiais valiosos, tais como vidros, metais e plásticos, dentre outros, a disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos ocasiona uma série de problemas ambientais, como a poluição do solo, a poluição das águas superficiais e subterrâneas, com a contaminação do lençol freático, e a poluição do ar, com a emissão de gases que produzem efeito estufa".

Lixo valioso

10 bilhões de dólares por ano poderia valer o lixo domiciliar, se tivesse tratamento adequado, na avaliação do economista ambiental Sabetai Calderoni

FIQUE POR DENTRO
São Paulo assina protocolo sobre logística reversa

A logística reversa pode ser entendida como o ato de retornar às cadeias produtivas os resíduos gerados no consumo dos produtos, permitindo sua reciclagem ou reaproveitamento. É talvez a parte mais visível da "responsabilidade pós-consumo", conceito introduzido em 2006 na Política Estadual de Resíduos Sólido (PERS), posteriormente também incluído na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).

Em fevereiro último, o Governo de São Paulo firmou o compromisso de estabelecer o conceito de logística reversa com quatro setores: embalagens plásticas de óleos lubrificantes, embalagens de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, materiais de limpeza e afins, de embalagens de agrotóxicos e de pilhas e baterias portáteis.

Fonte: Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo


Copilado do Diário do Nordeste

Nenhum comentário:

Postar um comentário