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sexta-feira, 30 de março de 2012

Agricultores apontam seca verde devido aos veranicos


Muitos agricultores apenas fizeram o arado no campo e aguardam chuvas. Nos cultivos feitos, há perdas
Crateús Cerca de 80% dos agricultores deste Município não chegaram nem a plantar e dos 20% que plantaram. A possibilidade é que 10% colham algum legume, se continuar a chover, segundo estima o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Crateús. E essa realidade é similar nos Municípios vizinhos, na região dos Inhamuns, deixando os agricultores desanimados com a situação do inverno e o comprometimento da safra. Eles demoraram a plantar, aguardando a configuração do inverno, que até agora se apresenta com chuvas irregulares e localizadas. No Sertão Central, a falta de chuvas configura uma seca verde, na opinião de alguns agricultores.

O diretor do Sindicato, Luiz Edivá, acredita que, na região do Município que é chamada "pé de serra", a lavoura pode até ainda vingar porque a terra é fértil e úmida. Já no sertão, afirma, que compreende a maior parte do Município, teria que cair muitas chuvas para garantir colheita, ainda que pequena.
"A nossa previsão é essa porque somos agricultores e estamos no campo, então vemos a situação que enfrenta o homem do campo com a irregularidade da quadra invernosa deste ano. 80% não plantaram esperando as chuvas, que não chegaram a ponto de assegurar o plantio. Muitos agricultores apenas fizeram o arado no campo, mas não plantaram. Outros plantaram em pequenas partes da área, naquelas mais úmidas. E a grande maioria nem plantou. Essa é a realidade aqui do sertão", relata o líder sindical.
O agricultor Olivaldo da Silva, do Assentamento Palmares, lamenta a perda da sua lavoura. Plantou em janeiro um pouco de milho e feijão. A semente nasceu, mas não progride, segundo ele. "O feijão está pequeno e o milho já perdi todo. Limpei somente a metade do roçado e não vou nem limpar o restante. As chuvas são rápidas e poucas, fica a pastagem verde, parecendo que está bom, mas não dá nem para o plantio e nem para fazer pasto para os animais. A situação é muito ruim", lamenta.
O agricultor Francisco de Sousa, da localidade de Riacho Fechado, distante 26km da sede, plantou em fevereiro e diz que perdeu tudo. Já se preocupa com os animais, pois começou a comprar ração para manter. "Não tem nada, o legume nem nasceu. Este ano tá ruim, não vai dar nem maxixe. A chuva que cai não escorre nem nas biqueiras. Nem que chova, não dá. É melhor não plantar mais. Já não sei o que fazer para alimentar os animais", anuncia.
Lamento
Na localidade de Aroeira, o agricultor Moacir Alves cuida da sua roça de milho e feijão com perseverança e zelo, na esperança de colher alguns sacos dos produtos. Mas lamenta a falta de chuvas e teme perder tudo. "Se chover mais dá para tirar algum legume, mas, se ficar só nos serenos, vou perder tudo. Agora, é a hora que a planta precisa de mais chuvas, porque está pequena e, para crescer, tem que a chuva molhar bem a terra", explica.
No Município de Tauá, a situação também é precária. O inverno irregular, com chuvas em apenas alguns distritos, compromete a safra. A maioria dos agricultores, de acordo com o secretário do STTR, Pedro Marcelino, também não efetuou plantio. E quem plantou está arriscando perder. "É mais uma estiagem. Aqui, 60% dos agricultores nem plantou, aguardando as chuvas. E os que plantaram, em janeiro, estão com a safra comprometida. A perda é de 80%, com certeza", afirma ele.
Em Independência, a avaliação dos agricultores coaduna com os demais. "A perda é de 80%. Tem muitos agricultores que nem plantaram. Tem localidade que não choveu 50mm", destaca Evaldo Sales, secretário de políticas agrárias do STTR.
O quadro de insegurança alimentar, apontado pelo Conselho Municipal de Defesa Civil (Comdec) de Quixeramobim, mostra a necessidade de decretação do estado de emergência neste Município do Sertão Central. A decisão é considerada precitada na visão dos representantes do escritório regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce).
Na opinião do coordenador regional interino, engenheiro agrônomo Tarciso Rego, ainda é cedo para "cair no desespero". Embora reconheça a irregularidade das chuvas, a quadra invernosa ainda não fechou. Iniciada oficialmente na segunda quinzena de fevereiro, só se encerra na primeira quinzena de maio.
Para o coordenador regional da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), José Mendes, o quadro é praticamente o mesmo em todos os Municípios assistidos pelo escritório sediado em Quixadá. As colheitas não chegaram a 20%. A maioria perdeu os legumes. Em Madalena e Boa viagem é mais crítico ainda. "Já é seca verde sim. O problema é que, todo ano, o Governo vai empurrando o problema com a barriga e, quando a situação já está generalizada, é que reconhece. Daí demoram mais um pouco alegando a necessidade de planejamento para dar assistência aos pequenos produtores", destaca.
Mais informações:
Sindicatos dos Trabalhadores Rurais de Crateús ,(88) 3691.0208;
Tauá, (88) 3437.1362; Independência, (88) 3675.1010/ Fetraece, Quixadá , (88) 3412.0511

SILVÂNIA RODRIGUES / ALEX PIMENTEL
REPÓRTER/COLABORADOR
Funceme prevê mais chuvas localizadas no CE
Iguatu A quadra chuvosa neste ano vem se caracterizando por apresentar chuvas localizadas e, em sua maioria, de baixa pluviometria. Esse quadro tem provocado veranicos e perda de safra nas regiões do Sertão Central e Inhamuns. Ontem, a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) registrou chuva em 70 Municípios. As três maiores precipitações ocorreram na região Sul do Ceará (Cariri): Milagres (56mm), Caririaçu (38mm) e Granjeiro (36mm).
A meteorologista da Funceme, Gabriela Lameu, confirmou que o quadro atual é de continuidade de chuvas localizadas. "A Zona de Convergência Intertropical, um dos principais sistemas responsáveis pelas chuvas no Estado, deslocou-se e afastou-se da costa, mas deve retornar e provocar precipitações localizadas nesta sexta-feira e sábado", disse. Para a noite de ontem e madrugada de hoje, a Funceme tinha previsão de chuva na região da Ibiapaba (Noroeste) e Litoral Norte.
A ocorrência de chuvas diárias no Município de Iguatu é decorrente de formação de sistemas convectivos, que surgem no Sul do Estado (Cariri) e se dissipa sobre Municípios da região Centro-Sul. "Há formação de grandes nuvens que se deslocam até perder intensidade sobre a região de Iguatu", explicou Gabriela Lameu.
As regiões Centro-Sul e Cariri cearense têm sido favorecidas com a precipitações pluviométricas quase que diariamente. Nesses últimos três dias, foram registradas chuvas seguidas pela manhã em Iguatu e a pluviometria acumulada neste mês é de 295mm. Os produtores rurais estão satisfeitos e esperam a colheita de boa safra de milho, feijão, arroz e sorgo.
Em Iguatu, diferentemente de outras regiões, os agricultores já desejam que as precipitações suspendam por uns quatro dias para que o solo não fique encharcado. "Se fizer um veranico de uns cinco dias, a situação fica melhor ainda", disse o produtor Manoel Ribeiro, que fez o cultivo de dois hectares de milho, consorciado com feijão, no Distrito de José Alencar.
Seis açudes permanecem sangrando, todos localizados na região Sul do Ceará. Neste ano, sete açudes já sangraram. O primeiro foi Tijuquinha, em Baturité, que ontem permanecia com um volume de 99% de sua capacidade e deve voltar a sangrar em breve. Estão sangrando: Ubaldinho, em Cedro; Valério, localizado em Altaneira; Junco, em Granjeiro; Rosário, em Lavras da Mangabeira; Muquém, em Cariús; e Tatajuba, em Icó.

CHUVAS NO CEARÁ

Municipio                                                 mm

Milagres.......................................................... 56

Caririaçu ......................................................... 38

Granjeiro ........................................................ 36

Icó - Lima Campos ..................................... 35

Viçosa do Ceará .......................................... 32

Lavras da Mangabeira ............................ 30

Aratuba .......................................................... 25

Aurora ............................................................. 24

Brejo Santo ................................................... 24

Iguatu .............................................................. 23

Sobral .............................................................. 22

Mulungu ......................................................... 21

Várzea Alegre ............................................. 20

Redenção .......................................................20

Guaramiranga ............................................ 20

FONTE: FUNCEME

HONÓRIO BARBOSA
REPÓRTER
Copilado do Diário do Nordeste

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