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domingo, 26 de fevereiro de 2012

Grupo de agricultoras se destaca com dança de coco no Cariri


Dedicando-se à música e à dança, o grupo tem conquistado crescente reconhecimento na região do Cariri
Crato. "Nessa terra tem palmeiras onde canta o sabiá, o coco da Batateira está aqui para animar". Cantando assim, um grupo composto por 16 agricultoras, com idades entre 59 e 73 anos, privilegia quem as vê dançar coco e cantar as toeiras e versos feitos pelas mestras da comunidade do Bairro da Batateira, em Crato. Fundado em 1979, o Grupo de Mulheres do Coco da Batateira encanta pela vitalidade e entusiasmo em mostrar um pouco da tradicional cultura popular da região do Cariri.Dividido em uma representação de damas e cavalheiros, na qual sete brincantes trajam-se de homens e outras sete vestem roupas de mulheres, que se assemelham às usadas pelas quebradeiras de coco, elas reúnem-se semanalmente para dançar, cantar e contar suas histórias de vida, seus problemas do cotidiano.
Todas as integrantes do grupo se conheceram na época em que cursavam o antigo Mobral, como era chamada a alfabetização de adultos na década de 70.
A partir das comemorações escolares pelo Dia do Folclore, elas começaram a idealizar o grupo, que permanece unido até hoje. Ao longo dos anos, as reuniões foram se tornando frequentes. Inicialmente, sem o apoio dos maridos, mas incentivadas pela Associação das Mulheres do Crato, o Grupo de Mulheres do Coco da Batateira cresceu, agregou novas integrantes e, junto com a comunidade, elas conseguiram conquistar espaço no cenário da cultura popular regional.
Hoje, o reconhecimento tomou proporções que as próprias brincantes não esperavam receber. O grupo já foi objeto de estudos de pesquisadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco.
Falta de apoio
Mas, apesar da importância que o grupo exerce no fortalecimento da cultura popular, ainda falta apoio e incentivo para que as atividades continuem acontecendo. Sem recursos, o grupo sofre prejuízos por não poder realizar as reuniões e apresentações com a frequência desejada.
Atualmente, o problema já compromete até a existência do grupo. Mesmo sendo filiado à Fundação Mestre Eloi Teles de Morais, que realiza trabalhos voltados para o fortalecimento do folclore no Município, o Grupo de Mulheres do Coco do Batateira sente-se desprestigiado pelos órgãos que coordenam as atividades culturais.
Apesar de o Município dispor de um Centro Cultural, os grupos de cultura popular ainda recebem pouco apoio. Para elas, as dificuldades ficaram mais fortes, principalmente, após a morte de Eloi Teles de Morais, que foi um líder cultural, poeta, radialista e folclorista, de grande atuação nas manifestações artísticas populares que aconteceram na cidade. Sua figura esteve, durante mais de 30 anos, ligada à representatividade dos grupos de cultura popular. Sem ele, as apresentações das Mulheres do Coco da Batateira em eventos públicos e privados diminuíram. Em todo o ano de 2011, o grupo realizou apenas seis apresentações. Já este ano, elas ainda não receberam nenhum convite.
Para a líder e uma das fundadoras do Grupo de Mulheres do Coco da Batateira, mestre Edite Dias de Oliveira, é preciso haver mais apoio por parte da Secretária de Cultura do Município aos grupos de cultura popular, para que eles voltem a ter o mesmo brilho de antes. "Quando a Fundação Mestre Eloi Teles estava sob o comando de Cacá Araújo e de Elioná Teles, as Mulheres do Coco estavam constantemente nas apresentações em eventos. Agora, a gente quase não é lembrada. Não temos transporte e nem renda para fazer as fantasias, as vezes nem água nós oferecem, mas mesmo sem nenhuma remuneração gostamos de nós apresentar e fazemos isso por amor", diz.
O maior sonho do Grupo de Mulheres do Coco da Batateira é conseguir o terreirão de ensaio, que por várias vezes foi prometido e jamais doado. Os ensaios das danças são feitos nos quintais das residências das integrantes do grupo. Elas planejam arrecadar verbas para a compra dos instrumentos necessários para acompanhar os versos e toeiras, pois dos quatro instrumentos, elas só dispõem de um, que é um pandeiro doado pelo mestre Eloi Teles. Elas esperam que as autoridades entendam a importância da cultura e estimulem os grupos a continuarem suas práticas, que geralmente são repassadas entre as gerações.
O Grupo de Mulheres do Coco da Batateira deu origem a grupos mirins de coco, formados pelos filhos e netos das brincantes.
Composição
16 agricultoras da região do Cariri compõem o grupo de Mulheres do Coco da Batateira, que se reúne semanalmente para cantar, dançar e contar histórias de vida.
7 mulheres do grupo se trajam como cavalheiros, enquanto outras 7 se vestem como damas, em uma das apresentações desempenhadas pelas brincantes.
Legado Cultural
"Se antes de morrer, eu conseguir deixar um terreiro todo equipado para os jovens, eu morro feliz"
Edite Dias de Oliveira
Mestre do grupo

"Quando não tem apresentação, os ossos endurecem, a mente esquece os versos. Temos saudade dos eventos"
Zenaide Matos Silva
Mestre de toeira
YAÇANÃ NEPONUCENA
REPÓRTER
Copilado do Diário do Nordeste

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